sexta-feira, 27 de junho de 2014

Em quanto...

Enquanto a noite adormece e a claridão da lua adia mais um dia,
Minha mente procura pelos sentidos que o meu corpo esqueceu.
Para onde foi a lucidez dos meus dias?
Para onde vão as palavras atiradas nas nuvens carregadas de cansaço?
Enquanto a noite me entorpece com sua frieza e silêncio,
Minha retina já reflete os primeiros pingos de luz de sol,
Que ri disfarçadamente das angústias espalhadas no breu.
Contradigo meus dilemas e escrevo sobre a noite à luz do dia.
Sobra a noite e me falta o calor,
Ainda que banhado pelo quente sopro da manhã.
Amanhã sigo em frente.
Hoje prefiro me deitar sobre os reclames da minha alma,
Que reluta em jogar fora o que é de excesso.
Amanhã, a manhã chegará na hora certa,
Mesmo que o escuro decida estender um pouco mais a sua companhia.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Há de ser de contra

Arde sede contra a vontade
Há de nem ser cidade a necessidade em mim
Submerso em versos
Sob um mar inverso
Sal, dádiva e fim

Ávida, sem vida, a saudade
Esperando, eu vou tarde daqui
Peço, me despeço
Dispo-me do excesso
Volto, vou, tô ali

Há de ser de contra a coragem
Toda e qualquer vantagem de fim
Perto, me desperto
Sob o céu aberto
Só se o sol não sair

Há de ser encontro à bobagem
Ver de verde, a miragem seguir
Certo do que é certo
Dito-me decreto
Por enquanto sentir

Esperamos dias vãos
Vão se os dias que outro dia esperávamos, vim ver
Não vivemos mais, então
Tudo aquilo que tão logo aqui levamo-nos a ser

Em vão, vamos-nos agora
Ré parando os planos que custamos anos entender
Só quem não me quer não chora
Quem me chora quer sorrisos que não posso devolver.

domingo, 27 de outubro de 2013

Uno inverso

Invento versos ao inverso
Revezo ao reverso o meu universo
Reviso o já visto à vista em protesto
Atesto o meu sentimento manifesto
Atento ao meu luto em forma de festa.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Retro(a)cesso

As raízes dos meus pés
Me aprisionam ao presente
Participo de um jogo
Onde venço a ferro e fogo
A imaginação doente

As raízes são correntes
Que a alma não enxerga
Ligam o solo ao meu ventre
Num futuro sempre ausente
Que o passado não alega

Minhas mãos tateiam o corpo
Que o vento desenhou
Sonho a cada dez minutos
Despertando dos meus surtos
Num começo que acabou

Nessa busca por um solo
Onde eu possa me erguer
Sou levado por meus passos
Compassados em pedaços
Aonde não quero viver

A vontade é dualista
Régua da indecisão
Verdade que mente em mente
Enganando o que se sente
Na vista e no coração

Me desprendo desse chão
Que há muito me detém
Num suspiro empoeirado
De outros sonhos enganados
Dos quais faço-me refém

De raízes a sementes
Os meus pés caminham sós
E em terras permanentes
Rego agora meus delírios
Que suprimem minha voz

Já caminho em direção
Do caminho que perdi
Vou em frente ao retrocesso
Reinicio um processo
Que um dia desisti.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Minha amiga soul(in)down

Minha amiga solidão
O asilo fim da alma
Meu exílio recorrente
Chão do qual sou pertencente
E habito ao visitar.

Minha amiga solidão
Melodia e som das ondas
Quando trazem só a si
Voltam, levam areia e só
Semifusa em sol menor
Embalando o sofrimento
Quando o vento assovia
Diminuta melodia.

Minha amiga solidão
Sombra fria do sorriso
Ermo, íntimo aprisco
Pele, áspera espera
Velejando à luz de vela
Mastro de retalho e pluma
Das asas de uma quimera.

Minha amiga solidão
Tens meu ego contrafeito
Ao regalo da saudade
À deriva, sem alento
Leito lento do tormento
Alimento da tristura
Das pétalas da amargura
Da oitava primavera.

Minha amiga solidão
Uma estrada de mão una
Que a saudade corre nua
Contra o tempo se acentua
Só as sombras se refletem
Fracionadas em migalhas
Espalhadas pela rua.

Minha amiga solidão
Névoa espessa dissipada
Despertando em alvorada
Bem vestida de chegada
Quando finda o sentimento
De um resguardo compulsório
Sustentado no vazio
Fixado no horizonte
Na aurora da retina.

Conta-gotas de arco-íris
Remédio de estimação
Retroage em quinzenas
Dores da sina passada
Sua demora desvelada
No intervalo do piscar
Retornando ao meu lugar
Por estradas curvilíneas
Sustentadas nos lamentos
De uma sala de estar.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ver. Tente.

Eu vou ver-te e envolver-te
Desvestida do vermelho
Da vertente do valor
Com vestido meio a meio
Convertido pelo anseio
Divertido dissabor

Eu vou ver-te
E só ver-te pela opala
Com sorvete, doce e bala
Balançante nos teus passos
No nó cego dos teus laços
Embalada sobre o verde

Eu vou ver-te
Devolver-te o que já vai
Abster-te do que foi
Do que, embora, traga paz
Subverte a nossa calma, distancia a minha alma
De ter tempo de volver-te.

domingo, 21 de outubro de 2012

PDF, MDF, MD, DDD, degradê.